quinta-feira, 8 de outubro de 2015

POR QUE AS IGREJAS DEVERIAM REPENSAR O SALÁRIO DO PREGADOR?

A relação entre o trabalho que um pregador realiza e o dinheiro que ele leva para casa parece ser muito clara para a maioria dos membros de igrejas: “nosso pregador ‘ministra’ à esta igreja – ele visita os doentes, ela aconselha, ele evangeliza, ele prega, ele ensina, ele faz o boletim e tudo o mais que pedirmos a ele – e nós o pagamos para que ele faça estas coisas.” Esta é a forma como a maioria dos cristãos pensam sobre seus pregadores e o “salário” que pagam para ele. Mas será que esta é de fato a forma como deveríamos pensar sobre isto? Pessoalmente, eu creio que não. Aqui estão algumas coisas para considerarmos…

1. Pare de pensar que o Pregador faz o que faz pelo pagamento.

A maioria dos membros de igrejas pensam que os seus pregadores fazem o que fazem porque eles o pagam para fazê-lo. Eu creio que esta é uma forma invertida de se pensar sobre a situação. É muito mais saudável pensar da seguinte forma: “O pregador comprometeu sua vida à proclamação do evangelho e nós o apoiamos financeiramente neste esforço.” Ele não faz o que faz porque vocês dão dinheiro a ele, vocês dão dinheiro a ele porque ele faz o que ele faz.

O Apóstolo Paulo abriu mão do seu direito de coletar apoio financeiro da maioria das igrejas nas quais ele trabalhou, mas ela afirmou que as igrejas deveriam apoiar aqueles que trabalhavam espalhando o evangelho (1 Coríntios 9). A igreja deve sustentar tantos quantos pregadores, professores, evangelistas e missionários ela for capaz. Quando homens querem devotar a vida deles à proclamação do evangelho, nós devemos considerar como nosso privilégio e alegria sustentar estes homens.

2. Pare de pensar que seu pregador faz o que ele faz em seu lugar.

Muitos membros de igrejas pensam em seus pregadores como os ministros (servos) da igreja. Eles consideram como tarefa do ministro fazer o aconselhamento, a visitação, o evangelismo e o ensino da igreja. E quer admitamos ou não muito deste pensamento vem do fato de que nós não queremos fazer este trabalho, pensamos que não temos tempo, então contratamos alguém que faça por nós.

Dizemos coisas do tipo: “Eu não sei como fazer e não tenho tempo para ir no hospital e visitar as pessoas que estão doentes, nem para fazer estudos bíblicos com incrédulos; é para isso que pagamos o pastor.” Mas não poderíamos estar mais errados por esta forma de pensarmos.

Não existe nenhum precedente bíblico para se contratar alguém para fazer a obra que nós deveríamos estar fazendo. De fato, uma das tarefas do pastor é “equipar” os membros da igreja para que eles façam a “obra do ministério” (Efésios 4.11-12). Você não sustenta um pastor para que você possa ser aliviado do trabalho, você sustenta um pastor, em parte, para que ele ajude a te equipar e motivar para a obra que você deve estar fazendo.

É óbvio que ele ajuda a equipar a igreja sendo um bom exemplo de serviço, mas se ele começar a fazer o trabalho por você, ele estará te mimando e não te equipando. Muitos pastores precisam parar de mimar a igreja e começar a equipar a igreja.

3. Pare de pensar que seu pregador pertence a você.

Quando uma igreja pensa em seu pregador como empregado dela, ela entendeu errado a situação. O pastor não trabalha para a igreja. Ele não trabalha para os presbíteros. Ele trabalha para o Senhor. Paulo chama os pregadores de “servos do Senhor” (2 Timóteo 2.24), e é isto o que o pregador é, o servo do Senhor. Não o nosso servo.

É claro que o pregador e seu trabalho estão sob a supervisão dos presbíteros da igreja. Os presbíteros pastoreiam o pregador, ajudando-o a balancear o trabalho que ele realiza especificamente para a igreja local e o trabalho que ele realiza pelo Reino. Um pregador pode decidir junto com seus presbíteros que seu trabalho precisa focar primariamente – ou até mesmo exclusivamente – na obra local; enquanto outro pregador e seus presbíteros podem decidir focar as habilidades do pregador mais em espalhar o evangelho ao redor do mundo.

Mas é vergonhoso quando uma igreja acredita que o pregador pertence a eles e se ressentem pelo tempo que ele investe pregando e ensinando em outros lugares.

4. Deixe seu pregador ser um membro de sua igreja.

Quando as igrejas pensam que seus pastores são empregados que pertencem a eles, elas com frequência falham ao não tratá-los como co-membros de igreja. Nossos pregadores precisam ser capazes de ter comunhão, aprender, confessar seus pecados e dificuldades, serem encorajados, aconselhados e ter todos os benefícios que desfrutamos como membros de uma família da fé. Mas muitas vezes nós negamos estas bençãos a eles porque os tratamos como nossos empregados.


Considere algumas destas questões:
O pregador está sempre ensinando na Escola Bíblica Dominical, ou vocês deixam que ele seja o aluno algumas vezes?
Você espera que seu pregador seja sempre quem estará ensinando, aconselhando e encorajando você, ou algumas vezes você oferece a ele os seus ouvidos?
O seu pregador se sente como um membro da sua igreja ou como um empregado da sua igreja?

Conclusão

O ponto central é este, temos que parar de pensar que o dinheiro que damos ao nosso pregador faz com que ele tenha uma dívida com a gente. Ao invés disto, devemos considerar nosso privilégio podermos sustentar homens que fiel e diligentemente proclamam a mensagem do evangelho em nossa igreja ou ao redor do mundo. Devemos encoraja-los de todas as formas que pudermos na obra que eles realizam.

Wes McAdams

Post Original.

http://revive.org.br/por-que-as-igr...

sábado, 19 de setembro de 2015

Achou ruim? A porta da rua...


Em várias ocasiões Jesus frustou a expectativa da multidão que o seguia. Numa destas vezes, não só as deixou perplexas como também acabou por afasta-las. Diz-nos assim, a Palavra de Deus: "É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai". Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo. Jesus perguntou aos Doze: "Vocês também não querem ir? (João 6;66, 67)".


Jesus faz uma declaração dogmática: que não está disponível para debate ou contestação. Essa afirmação inclusive é ignorada e abusivamente distorcida por grande parte da cristandade. Para Jesus, a salvação não depende da vontade humana, é um ato TOTALMENTE divino. Paulo compreendendo essa importante verdade diz em Romanos 9;14 “Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus”. Isso é, Deus exclusivamente decide quem será salvo e quem será condenado, ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para uso honroso e outro para uso desonroso (Rm 9;21)? Num todo revelado, aqui vemos com clareza, na fala de Jesus, o conceito de Predestinação. Deste modo defende os Canonês de Dort e esta é a compreensão cognominada vulgarmente de calvinismo. Verdade Cristã esboçada pelo acróstico, em inglês, TULIP¹. Literalmente o oposto, irreconciliável à proposta herética arminiana.

Muita gente que gostava de Jesus, de seus milagres e até de sua doutrina, gente que era discípulo Jesus (grande grupo de seguidores, mas não faziam parte dos 12, dos quais 11 são, depois, os apóstolos), simplesmente não suportam tais ideias e deixam de segui-lo. Claro, não só por essa frase, no contexto, Jesus faz uma série de outras afirmações que contrariam as expectativas das multidões. Olhando do que está mais perto dos versos citados para o mais distante, vemos: No v.64 “há descrentes entre vós”. Jesus não se furta em dizer que alguns que estão com ele, não são e não serão dele. João, como lhe é peculiar antecipa detalhes do Evangelho, sugerindo que ele falava das intenções de Judas Escariotes (que foi quem o traíu); No v. 63 “...a carne para nada aproveita” – Jesus absolutiza a antítese cristã. O Mestre afirma que a natureza humana (caída) não tem valor para seu Ministério, que seu reino é espiritual, que é louca, e por fim será frustrada a expectativa de um reino temporal, da tomada do poder das mãos de Cesar; No v.62 “...o lugar onde primeiro estava?” – não só afirma a sua santidade ou divindade, como também exprime seu intenso e singular relacionamento com o Pai (Filho do Homem) e sua ascensão, coisa que também frustraria a ideia de uma restauração física do reino de David (Atos 1;6).

E para evitarmos ser muito extensos, vemos nos v. 41 a 59 que Cristo faz 3 grandes afirmações conectadas: a primeira, Ele é o pão da vida, termo que arremetia inequivocamente ao Maná e a experiência de direção e sustento providente do SENHOR do povo no deserto; a segunda, a recepção desta verdade (aceitação pela fé) depende da revelação dada pelo Pai, opondo-se a naturalidade da linhagem abraãmica (vide v.63); e a terceira, que apenas através de um relacionamento direto e intenso (corpo e sangue) com ele é possível ter a vida. Na cabeça do judeu, que sabia do valor sacrifício, a fala de Jesus significa uma grande mudança nos parâmetros religiosos; não numa a-religião, mas numa outra religião: “odres novos para vinhos novos”, e vinho a partir da transformação das águas cerimoniais – orgulho dos judeus – da ‘velha aliança’.

Jesus não tem medo de ser rejeitado nem mesmo por aqueles que eram seus. Bem se poderia afirmar que Jesus fala como fala, porque ele sabia que estes 12 não se perderiam, exceto aquele que estava preparado para perdição. Sim, isso é um fato, mais que óbvio, afinal Jesus é Deus e mesmo em estado de humilhação tinha plena consciência (Ap 5;5) da força da vontade decretiva do Pai. Entretanto a certeza tácita de Jesus de que não perderia nenhum (dos eleitos, e não só dos discípulos/apóstolos) não está baseada na sua consciência divina, e sim na sua compreensão da Verdade: “se o Pai me der, quem tomará”? Ele se afirmava a videira verdadeira, que sem ele nada, os cristãos, poderiam fazer, mas aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas? E mais, quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica; Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós; quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?

Mas o aviso – se preferir: a oportunidade – do Mestre aos seus discípulos, é sincero. Jesus, no mínimo, está ensinando que ele não vai mudar seu ritmo, sua disciplina, seu expediente para se adequar as expectativas das massas. Ele não está preocupado com números, nem ligado a fama. E vemos isto em mais de um episódio, por vezes Jesus instrui aos que foram curados para não divulgar o milagre recebido. Jesus denunciou que alguns o seguia porque foram saciados pelos pães. Certamente aqui antevemos outras palavras diretas e duras do mestre, verdade que ele também não adocicou para se tornar mais aceito:
Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim (Jo 15;18), ou; Eu os estou enviando como ovelhas entre lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas (Mt 10;16). Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim (Mt 10;38).
Bem como outras falas nada “gentis” do mestre:
Ele, porém, respondeu: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos; Não lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem; Raça de víboras! Como podeis vós falar coisas boas, sendo maus? Pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca; Mas ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas; Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade.
Sabemos que Jesus não debatia com as pessoas, ele não tenta vencê-las, rechaçá-las, através dos seus ensinos, ele, simplesmente, diz a verdade, ouça quem quiser (quem tem ouvidos, ouça! Jo 2;27) e quanto mais o escutavam (davam valor as palavras do Senhor), mais se dividiam em dois grupos (Salmo 1): os que o procuravam com sinceridade porque desejavam entender mais e os que o rejeitavam porque Jesus não era um tipo ‘controlável’ de pregador.

Na prática, sem meia conversa, Jesus está dizendo hoje também: Não gostou? A porta da rua é serventia da Igreja! Por isso não sejam como os muitos discípulos de Jesus, que se escandalizaram com seus ensinos, porque este lhes pesava a consciência, e cauterizados preferem rejeitar o profeta, do que admitir que é o ladrão da única ovelha do vizinho (2Sm 12;1 a 24); Não endureçam o coração como o povo no deserto; como escaparemos se negligenciar tão grande salvação?

Ao crescer na fé, saber mais das difíceis lições de Jesus Cristo, como você reagirá: Dando-se por vencido, aceitando que ele é Senhor? Ignorando aquilo que não te agrada? Contendendo com Cristo? Clame a Deus que lhe mostre o significado de seus ensinos e lhe diga como eles se aplicam a sua vida.

Termino reafirmando as palavras de Jesus de outro modo: o verdadeiro cristianismo não diminui a norma, antes a Igreja* perder adeptos do que aceitar qualquer ideia em nome da fraternidade. O próprio Cristo diz a nossa geração mimada (que "só quer amor"), que ele – e por isso a Igreja – não está disposto a fazer concessões para manter gente por perto. A Verdade exige que não se faça acordo, acerto, ajuste. Jesus é inflexível nas suas exigências (exigências que ele mesmo cumpriu em nosso favor). Quem achar ruim, tem todo a liberdade de sair e procurar outra religião (nós não mataremos, cortando-lhes o pescoço ou queimando vivos, dependurado), mas saia sabendo que no Evangelho, falo de Cristo e este crucificado, está as únicas palavras de Vida.
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¹ Total Depravity, Unconditional Election, Limited Atonement, Irresistible Grace, Perseverance of the Saints (Depravação total, Eleição incondicional, Expiação Limitada, Graça Irresistível, Perseverança dos santos).
* Aqui falando também das igrejas locais, afinal são expressões da Igreja Invisível, o corpo de Cristo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Vinho ou Suco de Uva?

Embora haja certa razão em dizer "suco das uvas", vinho que ainda não fermentou, vinho não pronto, para justificar uso no sacramento (Santa Ceia), ou ainda de alegar que Jesus em Mateus 26;29, nada mais tenha expressado sobre o cálice, além de que era bebida fruto da videira. O termo usado nas inúmeras passagens bíblicas é melhor traduzido por vinho, e vinho é alcoólico (tanto que há vinho desalcoolizado) – seria bem estranho Noé ficar bêbedo com o suco de uva ou Paulo recomendar para não se embriagar com um refresco.

Mas aludir ao "vinho novo" para sustentar a proposta, é não compreender as ideias das parábolas: "outro vinho, outro odre", isso é, não o mesmo sistema ou holocaustos; é outro sacerdócio – Jesus aponta que seu ministério é novo, diferente, exclusivo, completo e efetivo, que não precisa ser renovado anualmente. Fora isso, é também ignorar que o sacrifício de Cristo foi na plenitude dos tempos, e não antecipadamente ou imprevisto.

Também acenar para a mistura ou diluição com água como uma possível solução da época, no interesse de diminuir os efeitos ébrios, além de ser um acinte a antiguíssima cultura do vinho, nada muda a presença do álcool na bebida, tornando tal solução inútil e mais, acaba por permitir certa insinceridade no símbolo em desconformidade com o que representa. Afinal das ilustrações que circundam o martírio de Jesus, deve-se afirmar a perfeição do mesmo (parece ser isso que o autor de Hebreus 12 sugere), Apocalipse 14;10 fala de um cálice preparado sem mistura, a ira de Deus, que será, no fim, derramado sobre os Seus inimigos, cálice que claramente Jesus tomou em nosso lugar e para o nosso favor (Isaías 53).

De igual modo, propor que o caso deva ser decidido em prol dos irmãos que lutam contra o alcoólismo é legislar sob flácidas bases humanistas. Será que existe essa doença, mesmo? Não seria apenas um engodo psicoantrologico pós-moderno? Talvez só medo ou fragilidade na fé? Puro legalismo, quem sabe? Daí não estariam mantendo a prisão ao não permitir que irmãos exerçam sua liberdade? Ora a verdade liberta! Além, é claro, de ignorar que domínio-próprio é fruto do Espírito.

Por fim dizer: é melhor, evita ser pego numa blitz da "lei seca"! É antes deixar o mundo reger a devoção cristã (que deve ser somente direcionada pela Palavra), e então um erro desnecessário: provavelmente, a quantidade de álcool nos minúsculos cálices, geralmente usados nas igrejas, é desprezível para registro da alcoolemia mínima legal, e possivelmente, os minutos de bate-papo no fim do culto, já seriam mais que suficientes para metabolizar todo ele. E mais, o nosso direito ao culto sem constrangimento – ao meu ver – é defesa suficiente para resolver um eventual processo penal.

Eu realmente creio que devíamos servir vinho (suco fermentado de uvas) na Ceia do Senhor, não vejo nenhuma razão bíblica para não proceder assim. Até o leve amargor de um cálice de vinho seco¹ serve de instrução. Louvo a Deus porque conheço algumas igrejas (ministros, oficiais e membros) fiéis e maduras que naturalmente compreenderam isso, e simplesmente começaram a servir vinho, indo na contramão de um evangelicalismo medíocre e legalista, tão comum e arraigado em nosso país.

Mesmo assim – já lembrando o fato que eu não sou abstêmio² – não faria voz favorável a tal debate, que dirá à minha posição. Que sentido há em arrumar confusão logo com o cálice da comunhão? Seria o teor alcoólico um símbolo tão evidente na celebração que seja imperativo, como é o suco do fruto da videira afirmado diretamente por Cristo? Ou ainda o esmagar das uvas em sua ligação inconteste com o sofrimento vicário do Salvador? Ou mesmo a coloração que lembra o Sangue? Devemos mesmo levantar essa discussão, agora, quando em nossas comunidades eclesiástica, alguns mal sabem achar um livro específico na Bíblia?
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¹ Para alguns o ‘vinho de verdade’, em contraposição ao ‘vinho suave de mesa’ que adicionam depois da fermentação açúcares para torná-lo mais doce e de simples deglutição.

² O que poderia ser até utilizado por mim para justificar meu consumo particular da bebida.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A grande pergunta de minh'alma

A pergunta que me faço sempre não é sobre a origem das coisas, do universo ou da vida, para isso tenho a Resposta: No princípio criou Deus o Céus e a Terra -- estou tranquilo! Nem é o que me perturba, questões sobre a Queda, do tipo: como o homem sendo bom, pecou e comeu do fruto proibido? Ou, por que sendo Deus todo-poderoso, não o impediu de cair? -- pra isso tenho 3 ou 4 respostas. Nem mesmo me consome, as razões da Eleição de uns e Reprovação de outros -- Deus é soberano, Ele faz o que quiser! O fato que me inquieta, é a decisão divina de não ter acabado com tudo; por que simplesmente não decretou o fim de todas as coisas? Que insanidade atingiu a Razão? Que amor louco é esse?

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

DA REDUÇÃO DA MENORIDADE PENAL E A FÉ CRISTÃ

por rev. Alan Rennê


Introdução
Há cerca de um mês um debate acirrado tem movimentado a mídia e, principalmente, as redes sociais. Trata-se da polêmica aprovação da menoridade penal[1] pela Câmara dos Deputados, uma das casas legislativas do nosso país. A vasta maioria da população brasileira se mostra favorável à redução da menoridade penal. No entanto, a minoria contrária tem se empenhado numa cruzada tentando mostrar por que, na sua visão, é um absurdo pleitear tal causa. Interessantemente, são muitos os cristãos protestantes, inclusive de confissão reformada, que têm tomado parte nas manifestações contrárias à redução.

Alguns têm agido de modo semelhante à Associação Evangélica Brasileira, que no ano de 1993 escreveu um documento – uma espécie de manifesto – no qual se posicionava de forma contrária à pena de morte. O documento foi apresentado ao plenário da Câmara dos Deputados e, posteriormente, reproduzido tanto em jornais como por várias igrejas. De acordo com o Pb. Solano Portela, tal manifesto “foi escrito em linguagem persuasiva, mas sem conter uma única citação das Escrituras”.[2] Semelhantemente, as razões apresentadas pelos cristãos progressistas contrários à redução da menoridade penal não são fundamentadas nas Sagradas Escrituras. Antes, tratam-se de argumentos eivados de apelo emocional e de retórica muitos dos quais são, em essência, os mesmos contrários à aplicação da pena capital: 1. A redução da menoridade penal não vai resolver a causa da violência; 2. Existe muita desigualdade social e injustiça na distribuição de renda em nosso país; e 3. Nossa sociedade possui muitos males próprios. Outros argumentos apresentados são os seguintes: 1. É preciso que o Estado faça um investimento maciço em educação, lazer e cultura, a fim de proporcionar um meio de escape aos nossos adolescentes e jovens; 2. Nossos adolescentes já são penalmente responsabilizados[3]; 3. Reduzir a menoridade penal é tratar o efeito, não causa; e 4. A fase de transição da adolescência justifica o tratamento diferenciado.

Associado ao último argumento, como uma espécie de fundamento, está o argumento da poda sináptica, que em linhas gerais, nada mais é do que um processo neurológico pelo qual várias sinapses são destruídas, a fim de se obter uma melhor regulação do sistema nervoso. Educadores afirmam que, a poda sináptica “se relaciona com o período crítico que o adolescente atravessa em seu desenvolvimento, caracterizado por impulsos descontrolados, conduta desajustada e déficit cognitivo, que podem levar a comportamentos de risco desnecessários, impulsivos e violentos”.[4] Uma vez que o adolescente está atravessando tal processo, ele não pode ser penalmente responsabilizado por seus atos. Trata-se de um argumento imbuído de determinismo biológico, algo que pode ser facilmente refutado.

Não obstante, o meu propósito neste pequeno texto não é responder a todos os argumentos supramencionados. Antes desejo fazer uma apresentação da ética bíblica, ou seja, pretendo mostrar que a Bíblia Sagrada, a inspirada, inerrante e autoritativa Palavra de Deus, a única regra de fé e prática do cristão, requer que todo aquele que comete um crime seja devidamente responsabilizado pelos seus atos não existindo, portanto, nada que justifique o cristão posicionar-se de forma contrária à redução da menoridade penal. Inicialmente, tratarei da ética cristã e seu fundamento. Logo em seguida, apresentarei uma pequena teologia bíblica da aplicação de castigos.

A Ética Cristã
De modo claro e direto, o posicionamento ético, político e teológico dos cristãos nunca deve ser alimentado e formado pela opinião pública e popular. Recentemente li o que um jovem escreveu, no sentido de que o Brasil deveria olhar para os Estados Unidos estão fazendo o caminho inverso ao da menoridade penal, investindo em formas de acompanhamento e promoção de cidadania para os menores infratores. É interessante que, na década de 90, quando a discussão girava em torno da pena de morte, o mesmo tipo de argumento foi apresentado ao Pb. Solano Portela por uma repórter da antiga revista evangélica Vinde. Um dos argumentos utilizados por ela foi no sentido de que, “a maioria dos países está deixando a aplicação da pena de morte”. A réplica do Pb. Solano foi a seguinte: “Constatamos, também, que a maioria dos países abriga a pornografia, aceita cada vez mais o divórcio e a dissolução familiar como normal, o casamento entre homossexuais, e por aí vai. Nada disso significa que estas coisas sejam certas em si – elas foram erradas e continuam erradas”.[5] Quanto a isso, basta lembrar que dias antes da aprovação da redução da menoridade penal na Câmara dos Deputados, a Suprema Corte americana aprovou a legalização do casamento homossexual nos cinquenta estados daquele país. Assim sendo, os Estados Unidos da América não são o referencial a ser seguido em nossas discussões éticas.

O posicionamento ético dos cristãos também não pode ser formado por argumentos sociológicos positivistas – que partem do pressuposto de que a natureza humana é intrinsecamente boa –, cientificistas tendo como fundamento o determinismo biológico. Também não deve ser formado por agendas influenciadas pelo marxismo cultural. É lamentável que muitos jovens cristãos sejam profundamente influenciados por pensadores esquerdistas, como por exemplo, o francês Michel Foucault, o queridinho dos universitários progressistas.[6] Para Foucault, todas as questões sociais nada mais são do que uma disputa pelo poder. Roger Scruton afirma que, “o tema que unifica a obra de Foucault é a busca pelas secretas estruturas de poder. Poder é o que ele deseja desmascarar por trás de toda prática, de toda instituição e da própria linguagem”.[7]

Dessa forma, instituições como o manicômio, por exemplo, são apenas manifestações do poder da burguesia sobre os menos favorecidos: “Através do confinamento, a loucura é sujeita à regra da razão: a loucura agora vive sob a jurisdição daqueles que são sãos, confinados por suas leis, e orientados por sua moralidade”.[8] O mesmo se dá em relação à prisão. A prisão, para Foucault, nada mãos é do que um tipo de segregação imposta aos menos favorecidos por aqueles que são os detentores do poder. É daí que surge a popular ladainha de que “apenas os pobres e negros serão penalizados”. Para ele, a prisão é a negação ao outro do direito de existir. Discorrendo sobre a diferença existente entre a aplicação de castigos em séculos passados – que consistia em infligir dor ao corpo do indivíduo – e a nossa época, Foucault diz o seguinte:

Mas, de modo geral, as práticas punitivas se tornaram pudicas. Não tocar mais no corpo, ou o mínimo possível, e para atingir nele algo que não é o corpo propriamente. Dir-se-á: a prisão, a reclusão, os trabalhos forçados, a servidão de forçados, a interdição de domicílio, a deportação – que parte tão importante tiveram nos sistemas penais modernos – são penas “físicas”: com exceção da multa, se referem diretamente ao corpo. Mas a relação castigo-corpo não é idêntica ao que ela era nos suplícios. O corpo se encontra aí em posição de instrumento ou de intermediário; qualquer intervenção sobre ele pelo enclausuramento, pelo trabalho obrigatório visa privar o indivíduo de sua liberdade considerada ao mesmo tempo como um direito e como um bem. Segundo essa penalidade, o corpo é colocado num sistema de coação e de privação, de obrigações e de interdições. O sofrimento físico, a dor do corpo não são mais os elementos constitutivos da pena. O castigo passou de uma arte das sensações insuportáveis a uma economia dos direitos suspensos.[9]

Daí surge a ideia no pensamento esquerdista de, não apenas a redução da menoridade penal, mas do enclausuramento ou da prisão em si ser uma injustiça, visto que o aprisionamento significa a negação de um direito fundamental do indivíduo. Em outro lugar Foucault deixa explícita a sua concepção de que a prisão é, em sua essência, uma imposição daqueles que são os detentores do poder sobre os menos favorecidos do ponto de vista econômico-social. Para ele, a disciplina da prisão nada mais é do que uma espécie de “tática de poder” intimamente associada à acumulação de capital do mundo ocidental:

Se a decolagem econômica do Ocidente começou com os processos que permitiram a acumulação do capital, pode-se dizer, talvez, que os métodos para gerir a acumulação dos homens permitiram uma decolagem política em relação a formas de poder tradicionais, rituais, dispendiosas, violentas e que, logo caídas em desuso, foram substituídas por uma tecnologia minuciosa e calculada de sujeição. Na verdade os dois processos, acumulação de homens e acumulação de capital, não podem ser separados; não teria sido possível resolver o problema da acumulação de homens sem o crescimento de um aparelho de produção capaz ao mesmo tempo de mantê-los e de utilizá-los; inversamente, as técnicas que tornam útil a multiplicidade cumulativa de homens aceleram o movimento de acumulação de capital.[10]

De acordo com Roger Scruton, esse tipo de afirmação de Foucault é uma explicação forçada e essencialmente marxista: “Tais observações impulsivas são produzidas não por academicismo, mas por associação de ideias, sendo a ideia principal a morfologia histórica do Manifesto Comunista”.[11] Além disso, é esse tipo de pensamento que dá ensejo a duas ladainhas inculcadas nas massas e repetidas de forma acrítica: 1. A que diz que apenas os adolescentes pobres, marginalizados e negros serão afetados pela redução da menoridade penal; e 2. A que diz que o próximo passo da agenda daqueles que são favoráveis à redução é a privatização das prisões, a fim de contribuir com o acúmulo de capital por aqueles que são os detentores do poder. Tais argumentos procedem de uma visão de mundo não-cristã.

Isso nos conduz, então, à consideração do que é a ética cristã e qual o seu fundamento. É comum o fato de muitas pessoas crescerem em nossas igrejas sem a devida compreensão acerca da ética cristã e suas implicações para o todo da vida humana. A ética, de modo geral, diz respeito à conduta humana. A ética cristã, por sua vez, procura se harmonizar com o padrão absoluto e divino da vontade de Deus revelada nas Sagradas Escrituras. O objetivo da ética cristã é “relacionar um entendimento de Deus com a conduta dos homens e mulheres e, mais particularmente, usar da resposta a Deus que Jesus Cristo requer e torna possível”.[12] Em outras palavras, a ética cristã nos diz como devemos ajustar a nossa conduta e a nossa forma de pensar a respeito do todo da vida àquilo que Deus declara na sua Palavra. A lógica é a seguinte: Tudo o que Deus fala nas Escrituras é verdade. Sendo assim, qualquer forma de pensar e de agir que difira daquilo que está na Palavra, por necessidade consequente, é falso e errado. Assim sendo, nossos pensamentos e ações devem se ajustar à mente do Senhor revelada na Bíblia. Ron Gleason, pastor americano e advogado faz a seguinte afirmação: “Isto quer dizer que os cristãos estão obrigados a sujeitar-se à Escritura e, por esta, como o padrão, avaliar todas as decisões e toda forma de conduta”.[13] O filósofo reformado Gordon H. Clark disse o seguinte: “A ética calvinista é baseada na revelação. A distinção entre certo e errado [se resolve] pela revelação de Deus nos dez mandamentos”.[14] Outro teólogo reformado, chamado Jochem Douma, disse: “Ética cristã é a reflexão sobre conduta moral à luz da perspectiva oferecida a nós na Sagrada Escritura”.[15]

Isto posto, é inadmissível que numa discussão sobre qualquer assunto o cristão não fundamente as suas afirmações nas Sagradas Escrituras. É simplesmente impensável que na discussão a respeito da redução da menoridade penal os cristãos de confissão reformada se baseiem tão somente em teorias seculares do direito, no positivismo e na opinião pública. Então, é urgente compreendermos que somos chamados a pensar os pensamentos de Deus a respeito de toda a realidade. De forma específica, somos chamados a pensar os pensamentos de Deus a respeito da responsabilidade do indivíduo por crimes por ele cometidos. O que fica claro é que a forma de pensar da grande maioria dos evangélicos não está ajoelhada aos pés das Sagradas Escrituras.

Da Aplicação de Punições nas Sagradas Escrituras
Discutir a aplicação de punições a adolescentes por crimes praticados só faz sentido quando aceitamos, de início, a existência do conceito de autoridade e sua relação com a punição. Como salienta o Dr. John Frame: “O castigo dá validade prática ao conceito de autoridade. Uma autoridade não pode funcionar bem se não houver consequências para aqueles que a desobedecem”.[16] O conceito de autoridade está intrinsecamente embutido na ordem criacional. Ao criar o homem segundo a sua imagem, conforme a sua semelhança, Deus concedeu-lhe o exercício da autoridade para subjugar e dominar a criação (Gênesis 1.26-28), além de ordenar o funcionamento da vida em sociedade. Uma vez compreendido isso, não há como escapar da conclusão de que a aplicação de punições a todo transgressor das leis estabelecidas por aqueles que exercitam legitimamente a autoridade é algo sem o qual a sociedade não poderá funcionar de maneira ordeira. É preciso afirmar que os contrários à redução da menoridade penal não são contrários à aplicação de punições aos “menores infratores”. De acordo com eles, o que deve ser posto em prática é o que já está estabelecido no famigerado Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O grande problema está no fato de o ECA propor apenas aquilo que é denominado de medidas socioeducativas. Tais medidas partem do pressuposto de que o propósito primário da punição deve ser a recuperação/educação dos “menores infratores”.

É interessante que, visando responder à pergunta “Por que punimos aqueles que desobedecem à autoridade?”, John Frame argumenta que existem seis motivos diferentes para a aplicação de punições: 1. Desencorajamento; 2. Reforma; 3. Restituição; 4. Restrição; 5. Tributação; e 6. Retribuição. Recomendo que o leitor leia a exposição que o Dr. Frame faz de cada um desses motivos.[17]

É preciso destacar, todavia, que o segundo motivo – reforma – é aquele que ocupa o ideário daqueles que são contrários à redução da menoridade penal. Frame diz o seguinte sobre a reforma como a motivação para a aplicação de punições àqueles que desobedecem às leis: “Neste caso, não punimos Josh para desencorajar outros na sociedade, mas para o seu próprio bem. Aqui o objetivo do castigo é fazer Josh se tornar uma pessoa melhor, de modo que ele não cometa novamente esse crime”.[18] É por essa razão que o ECA preconiza a aplicação de medidas socioeducativas aos “menores infratores” o que, ao menos na teoria, deveria ser realizado pelas instituições de internamento de menores. A ideia é que a educação é a chave para o aprimoramento do “ser social” em construção, a saber, o adolescente. Isso também explica a massificação do slogan #ReduçãoNãoÉSolução.

Quando nos voltamos para as Escrituras, a fim de observar de que maneira ela lida com o ideal de reforma através da aplicação de punições, é possível perceber que ela limita tal motivação à disciplina eclesiástica e ao castigo dos nossos filhos. No primeiro caso, encontramos o apóstolo Paulo ordenando o seguinte à igreja de Corinto: Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja, em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus (1Coríntios 5.3-5). O propósito de Paulo é que, como resultado dessa disciplina, o praticante do incesto seja salvo, de modo que ele não venha a sofrer dano maior, ou seja, o castigo eterno. Assim, a motivação por trás da aplicação dessa punição específica é a reforma do pecador. No segundo caso – o castigo dos nossos filhos –, está escrito em Provérbios 22.15: A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela. O pastor presbiteriano escocês James Bannerman disse o seguinte: “A disciplina, em todas as suas aplicações, fora da sentença de excomunhão, deve ser considerada, com respeito ao ofensor, como terapêutica, em vez de punitiva – um meio de promover, através de cuidados especiais doloridos e rigorosos, não a destruição, mas a edificação do ofensor”.[19] Não há, todavia, nenhuma passagem na Bíblia que sugira que a reforma deve ser a motivação ou o fim pretendido quando da aplicação de punições a criminosos.

Uma melhor motivação para a aplicação de punições é a do desencorajamento. Esta motivação também pode ser denominada dissuasão. Aqui a sociedade, por meio do Estado, pune um criminoso com o objetivo de desencorajar os demais cidadãos. A punição serve, então, como uma lição para o restante da sociedade. Assim se expressa Frame a respeito do desencorajamento: “Punimos ladrões com a esperança de dissuadir outros de roubar. Fazemos o mesmo quanto a assassinos, sonegadores de impostos e caluniadores”.[20] Em Deuteronômio 13 está escrito que, caso um israelita adore outros deuses, ele deve ser apedrejado até a morte (vv. 6-10). O versículo 11 apresenta o propósito do desencorajamento: “E todo o Israel ouvirá e temerá, e não se tornará a praticar maldade como esta no meio de ti”. Quando consideramos a disciplina eclesiástica podemos perceber que ela também possui o propósito de dissuadir os demais membros de uma igreja local de cometerem o mesmo pecado daquele que está sendo apenado. Assim, uma igreja precisa ser fiel na administração da disciplina eclesiástica, dentre outras razões, para que outras pessoas sejam desencorajadas a pecar contra o Senhor.

Uma crítica corretamente feita ao motivo do desencorajamento é que é possível cometer abusos na aplicação de uma punição e, assim, torná-la injusta. John Frame diz o seguinte: “Se a restrição é a única consideração, pode-se justificar o castigo de pessoas inocentes pelo seu valor como dissuasão”.[21] Outro fator que deve ser levado em consideração, dessa vez tanto em relação ao desencorajamento quanto à reforma, é que ambos os motivos estão sujeitos aos caprichos dos penalogistas. Mais uma vez John Frame é de grande auxílio aqui:

Se um penalogista visa primariamente ao desencorajamento, ele tenderá a tornar o castigo o mais duro possível, para maximizar seu efeito no público em geral. Se, por outro lado, ele favorece a reforma, ele provavelmente planejará castigos mais brandos; talvez um regime de punição e incentivo que não apenas restrinja o mau comportamento mas também incentive o bom.[22]

Para citar apenas um exemplo envolvendo punições que visam reformar o criminoso, basta lembrar dos jovens Liana Friendenbach e Felipe Caffé, que foram brutalmente assassinados por um adolescente conhecido como “Champinha”. Não há como chegar à conclusão de que justiça foi feita no exemplo em questão. O que pode ser percebido aqui, é que nem o desencorajamento nem a reforma são elementos motivadores adequados para discutir a punição de crimes em geral e, de modo específico, o modo como adolescentes que cometem crimes devem ser punidos.

Dito isso, quando se observa atentamente os princípios absolutos estabelecidos pela Palavra de Deus o elemento da retribuição aparece como a motivação mais adequada e justa quando da consideração da aplicação de castigos. Quando se considera a retribuição como ensinada pela Bíblia é possível chegar á conclusão de que defender que menores de 18 anos sejam devidamente punidos de acordo com os crimes cometidos está em plena harmonia com a cosmovisão cristã.

A retribuição estabelece o princípio de que um homem deve ser punido simplesmente porque ele merece. No caso, um adolescente que comete um crime hediondo deve ser punido de acordo com a gravidade do seu crime.  Isso está solidamente fundamentado na lei de Deus no Antigo Testamento: “Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferimento por ferimento, golpe por golpe(Êxodo 21.23-25);Se alguém causar defeito em seu próximo, como ele fez, assim lhe será feito: fratura por fratura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado a algum homem, assim se lhe fará. Quem matar um animal restituirá outro; quem matar um homem será morto (Levítico 24.19-21).

Duas observações que precisam ser feitas a respeito das passagens citadas acima são:
  1. A chamada lei do talião expressa nos textos de Êxodo e de Levítico não têm o propósito de ensinar que aquele que sofre algum mal tem o direito de se vingar do ofensor ou criminoso. Hoje em dia é comum citar o “olho por olho, dente por dente” como sendo uma espécie de refrão justificador da vingança ou relatiação. Muito pelo contrário, o que está enfatizado aqui é o princípio da justa retribuição ou da punição isonômica. Deus não está autorizando a vingança. Ele estava controlando “os excessos”. A vingança é proibida ao ofensor, por exemplo, em Romanos 12.17-19: “Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens; não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas daí lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor” E mais do que isso, Deus também estava estabelecendo o princípio de que uma punição não pode ser muito indulgente[23], ou seja, ela não pode ser exageradamente fraca. Como exemplo disso, Deus não aprova que um assassino serial (Serial Killer) cumpra míseros 30 anos de pena. Trata-se de uma pena muito fraca ou muito indulgente. O mandamento “olho por olho, dente por dente” ensina a equidade e a justiça na aplicação da pena. Por conseguinte, se um homem chegasse a cegar alguém, ele não deveria se morto por isso. Antes, seria “olho por olho”. Se ele viesse a arrancar um dente de outra pessoa, como pena, deveria perder um de seus dentes. O castigo era sempre equivalente à ofensa, sem jamais excedê-la, ou mesmo sem jamais ficar aquém do delito cometido. Era sempre igual. Nem mais, nem menos.
  2. O princípio da retribuição não pode ser descartado de maneira apressada sob a alegação de que o mesmo faz parte da lei do Antigo Testamento, não tendo mais nenhuma relação com a nossa época. O princípio da retribuição é ensinado nas Sagradas Escrituras desde o início, logo no Gênesis: Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a sua imagem (9.6).[24] Verifica-se, pois, que a retribuição é contemplada pelo Senhor antes da outorga da lei por intermédio de Moisés.
Como destacado por John Frame, assumimos a validade e a necessidade da retribuição na aplicação de punição a criminosos porque “assumimos que há uma ordem moral objetiva no universo” e que, de acordo com ela, um homem – não importa quem ele seja, qual a sua situação econômica e social, sua cor da pele ou mesmo a sua idade – precisa ser punido quando comete um crime.[25] Frame afirma ainda que, “obviamente, numa cosmovisão cristã, a fonte dessa ordem moral objetiva é o Deus trino. À parte dele, não há base para essa ordem moral ou qualquer outra”.[26] No caso de Gênesis 9.6, por qual razão a punição precisa ser a morte? Porque uma vida foi tirada e esta vida fora feita segundo a imagem de Deus.

É interessante que o referencial teórico dos cristãos progreesistas/esquerdistas contrários à redução da menoridade penal não é a Escritura. Pelo contrário, o fundamento epistemológico de tais cristãos pode ser encontrado no ECA, em Michel Foucault, em Émile Durkheim e na Psicologia Comportamental. A Palavra de Deus sequer é mencionada. Não há uma única passagem citada. Quando muito, apela-se para generalizações retóricas que falam do amor de Jesus que restaura e reforma o pecador
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Uma Palavra Final
A defesa da redução da menoridade penal não pode ser identificada como um estímulo à barbárie, como desonesta e comumente é feito por pessoas ideologicamente comprometidas com a esquerda. A barbárie seria estimulada se, conjuntamente, houvesse a defesa da ideia de que cada cidadão tem o direito de fazer justiça com as suas próprias mãos. Não é esse caso! Como já foi afirmado aqui, as passagens bíblicas que tratam da retribuição têm justamente o objetivo de impedir que os ofendidos e as vítimas tomem vingança contra os ofensores e os criminosos. A administração das punições não foi entregue a indivíduos. Deus entregou a execução dos castigos aos magistrados, aos líderes do povo, os juízes, os príncipes. Em outras palavras, a execução dos castigos pertence ao Estado. Consideremos Deuteronômio 19.21, outra passagem que apresenta a lei do talião: “Não o olharás com piedade: vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé”. Os versículos 17 e 18 mostram que os juízes, não as vítimas, eram os responsáveis pela execução da pena: “então, os dois homens que tiverem a demanda se apresentarão perante o SENHOR, diante dos sacerdotes e dos juízes que houver naqueles dias. Os juízes indagarão bem; se a testemunha for falsa e tiver testemunhado falsamente contra seu irmão”. A lei é executada pelos magistrados, por aqueles que foram encarregados por Deus de zelar pela lei e pela ordem entre os indivíduos.

Isso está em pleno acordo com o papel do Estado e das autoridades conforme exposto pelo apóstolo Paulo, em Romanos 13.3-4: “Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás o louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal”. A função do Estado, conforme apontada por Paulo, não é colocar menores que cometeram crimes sob o regime de internação para o cumprimento de medidas socioeducativas. Antes, o Estado deve proteger os bons cidadãos e punir, castigar aqueles que fazem o mal, independentemente da idade.



[1] Uso o termo “menoridade” em vez do popular “maioridade”. Atualmente, é o menor de 18 anos que é inimputável. A discussão gira em torno da redução dessa idade para os 16 anos. Assim sendo, do ponto de vista técnico-jurídico é preferível falar em redução da menoridade penal, uma vez que, como esclarece o Dr. Valdinar Monteiro de Souza, advogado especialista em Direito Constitucional: “maioridade penal é o período de vida do ser humano imediatamente posterior à menoridade”. Se deseja-se falar em maioridade, que se fale na ampliação da maioridade penal. Cf. Valdinar Monteiro de Souza. “Redução da Maioridade, ou da Menoridade Penal?”. .
[2] F. Solano Portela. A Pena Capital e a Lei de Deus. São Paulo: Os Puritanos, 2000. p. 10.
[3] É importante frisar o tipo de responsabilidade penal atribuída atualmente aos adolescentes brasileiros. Como salienta o Dr. Valdinar Monteiro de Souza: “Conforme a lei, menor não comete crime, pratica ato infracional e, por conseguinte, pratique ele o ato mais hediondo ou escabroso, não será criminoso, será menor infrator. Não importa se tem 15, 16, 17 ou – o que é mais acintoso – 17 anos, 11 meses, 29 dias e algumas horas. Azar da vítima!”. Ao cometer um ato infracional, o adolescente é submetido a medidas socioeducativas. Cf. “Redução da Maioridade, ou da Menoridade Penal?”.
[4] .
[5] F. Solano Portela. A Pena Capital e a Lei de Deus. p. 12.
[6] A designação de Michel Foucault como sendo um pensador esquerdista não é descabida. Há quem possa se levantar e afirmar que Foucault não pode ser elencado como esquerdista, uma vez que ele sempre foi crítico do marxismo. Não obstante, o filósofo Roger Scruton diz o seguinte: “Escolhi Michel Foucault, o filósofo social e o historiador das ideias, como o representante da esquerda intelectual francesa. Deve ser ressaltado, ademais, que a posição de Foucault foi constantemente cambiante e que ele mostra um sofisticado desprezo por todos os rótulos disponíveis. Ele é também um crítico (embora, até seus últimos anos, um crítico um tanto quanto calado) do comunismo moderno. No entanto, Foucault é o mais poderoso e ambicioso daqueles que buscaram ‘desmascarar’ a burguesia, e a posição da esquerda foi substancialmente reforçada por seus escritos”. Cf. Roger Scruton. Pensadores da Nova Esquerda. São Paulo: É Realizações, 2014. p. 59.
[7] Ibid.
[8] Ibid. p. 61.
[9] Michel Foucault. Vigiar e Punir: Nascimento da Prisão. 42. Ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2014. p. 16. Ênfase acrescentada.
[10] Ibid. p. 213.
[11] Roger Scruton. Pensadores da Nova Esquerda. p. 68.
[12] Sinclair Ferguson e David F. Wright (Eds.). Novo Dicionário de Teologia. São Paulo: Hagnos, 2011. p. 393.
[13] Ron Gleason. Vida por Vida: A Pena de Morte no Banco dos Réus. Brasília: Monergismo, 2014. p. 20.
[14] Gordon H. Clark. “Ética Calvinista”. In: Carl Henry. Dicionário de Ética Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. p. 231.
[15] J. Douma. Responsible Conduct: Principles of Christian Ethics. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2003. p. 13.
[16] John M. Frame. A Doutrina da Vida Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2013. p. 660.
[17] Ibid. pp. 661-664.
[18] Ibid. p. 661.
[19] James Bannerman. A Igreja de Cristo: Um Tratado sobre a Natureza, Poderes, Ordenanças, Disciplina e Governo da Igreja Cristã. Recife, PE: Os Puritanos, 2014. pp. 661-662.
[20] John M. Frame. A Doutrina da Vida Cristã. p. 661.
[21] Ibid. p. 663.
[22] Ibid.
[23] Vincent Cheung. The Sermon on the Mount. Boston, MA: Reformation Ministries International, 2004. p. 90.
[24] Gênesis 9.6 ensina, em primeiro lugar, a validade da pena capital mostrando que a mesma também não é um produto do tempo em que Israel era uma teocracia. Todavia, a discussão acerca da pena capital será deixada para outra ocasião.
[25] John M. Frame. A Doutrina da Vida Cristã. p. 662.
[26] Ibid. pp. 662-663.

terça-feira, 16 de junho de 2015

A Igreja - Relacionamentos

É mais que esbravejar teologia num púlpito (a pregação expositiva é bem mais que esbravejamento; expor detalhes, muitas vezes técnicos, para solapar as dúvidas dos ouvintes quanto a precisão dos termos e profundidade das assertivas bíblicas, é também dar ao ouvinte condição de compreensão e material para a análise posterior, mormente – e idealmente – em casa; até mesmo ensejando outras buscas e tratamentos particulares os quais não eram o objetivo inicial do pregador), cristianismo é gastar tempo com as pessoas, como o próprio Cristo fez com seus discípulos num relacionamento de mais de 3 anos. A cada sermão, o Mestre lhes explicava em particular o que anunciava, contrapondo com o trato dispensado às massas: falando tudo por meio de parábolas (Mateus 13;34).

A Grande Comissão (Mateus 28;18 a 20) parece enfatizar esse trabalho longo e relacional. Não é só para informar das ordens de Cristo mas ensinar a obedecer tais mandamentos. Outra obviedade presente ainda nesse texto é o batismo, que certamente não deve ser encarado apenas como um ritual – e antes que um credobatista se anime com a ideia, propondo que tal passagem afirme tacitamente a preparação do candidato antes do rito, afirmo que não há inclusão (batismo) mais bem executada que a instrução dos filhos, pelos pais, nos ditames da Bíblia! Isso nada serve de argumento contra o pedobatismo, antes, aqui e para os propósitos do texto, impõe um relacionamento entre aluno (filho) e professor (pai), assim sendo modelo para toda a Igreja, a saber membros e pastores.

A menção de que a Igreja deve – porque capacitada – ir e ensinar o Evangelho em diversas regiões e culturas (Atos 1;8) – simultaneamente – já aponta para uma ligação pessoal continuada. Entender a cultura para saber como expor a Verdade, é algo já, há muito, compreendido pela Igreja Cristã. Se "Missões" começa com o envio de crentes (em especial pastores e mestres) a outros povos e vai até a conversão[1] perpassando pela tradução da Revelação, inicialmente dada na cultura hebraica, o relacionamento nas mais diversas situações se torna o mínimo exigido de um missionário.

Como conhecer uma cultura sem relacionamentos? Compreender a diferença na linguagem é imprescindível para a exposição da Verdade, que foi exposta em uma cultura real e específica, circunscrita a um povo, uma região e um tempo – o que é também um indicativo de envolvimento necessário (mergulho na vida do outro; relacionamento); em certo sentido sempre que estudamos a Bíblia, há como que um transporte para um mundo (do passado) cheio de suas idas e vindas, em outras palavras, a Bíblia é como que um ‘portal do tempo’ que propicia um relacionamento como antigo povo da Aliança.

A Igreja literalmente serve de microcosmos para a reforço e treinamento (relacionamento) dos que estão sendo aperfeiçoados em Jesus: os pais são chamados a repetirem incansavelmente as orientações aos filhos (Deuteronômios 6;6 a 9); os líderes são convocados a serem exemplos de conduta aos fiéis (1Timóteo 4;12); as mulheres mais experientes são exortadas a auxiliarem as mais novas na caminhada da fé (Tito 2;3). Que dizer dos mandamentos mútuos? Do sacerdócio universal? Do aspecto familiar e até conjugal que servem de analogia para a Igreja? E em Atos 2, uma igreja verdadeiramente apostólica que tinha tudo em comum e isso diariamente? Ela progredia na sã doutrina, contando com a simpatia do povo, crescia dia a dia pelo Espírito. Até o sacramento da comunhão, e em si, aula expositiva, como também "teatro interativo" (relacionamento) que deve ser repetido todas as vezes quanto possível, e continuadamente trabalhado no lar.

Se isso não aponta para a face pessoal e íntima do envolvimento pastoral, lembro ainda que a Igreja é chamada de Corpo de Cristo, nada é mais interligado que nós, os cristãos verdadeiros, pois somos um em Cristo. Como então seremos ajustados (Efésios 4;16), se não formos pastoreados individualmente? Eu até entendo que um bom púlpito diminui a incidência de gabinete (parafraseando o Doc*.), mas nem mesmo Lloyd-Jones, exímio (e extenso) pregador, negou a utilidade e necessidade desse expediente. A pregação pública não veta o aconselhamento particular. Nem mesmo são coisas distintas. Para a alma que foi bombardeada pela Palavra no sermão dominical, o pastor deve estar disposto e disponível a trazer consolo, conforto e fortalecimento, ordinariamente presentes no Texto Sagrado.

Esse tratamento em lote como "estratégia" eclesiológica, culto ‘massificação’, um comunismo eclesiológico, nada mais que sociologia da impessoalidade, crentes serializados. É sandice pós-moderna! Do mesmo modo que a Igreja Corporação, o Pastor Executivo, ou as megasigrejas e seus popstores ou ainda os animadores de púlpito nas igrejas circos... Só o contato sincero, real, a unidade orgânica, atende à demanda, mais que óbvia, da cristandade: vida e vida plena, agora, já! Somos Corpo, em nós está um única Vida, um mesmo Poder, um só Senhor. Como não importará os detalhes pessoais de cada um que é membro desse Corpo? É assim que reconheceremos os filhos de Deus e os filhos do Diabo (1João 3;10)! O amor ao próximo é indistanciável – na boca de Cristo – quando perguntado do maior mandamento (Mateus 22;37). Aquele que não ama o seu irmão que vê, como pode amar a Deus que não (1João 4;20)?

As carências da vida, do agora, são reais, e a Palavra de Deus nos chama a atendê-las. Somos um povo que pode muito, não devemos desprezar a vida abundante que nos foi dada já agora. Sejamos exemplos da mudança das trevas para a maravilhosa luz, e desembaracemos os nossos irmãos dos já rompidos laços da tamanha escuridão. A vitória na Cruz é algo relevante para o homem (Eleito) todo, agora, já!
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[1] Literalmente mudança de postura, de compreensão e de cultura; mas não aniquilação da cultura.
* David Martyn Lloyd-Jones, (20 de dezembro de 1899 - 1 de Março de 1981) 
também chamado de 'Doc', devido sua formação em medicina, grande pregador expositivo e autor profícuo, foi pastor na capela de Westminster em Londres, Inglaterra.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Sobre ofensa e tolerância

Nossa sociedade brasileira dia após dia é hostilizada, pressionada a aceitar todo tipo de baixaria, promiscuidade e perversão moral, que (aqui por uma questão de síntese) a turma dos direitos GLSBTUVXZ querem fazer e o errado sou eu, em dizer que o post do pr. Augustus Nicodemus foi ruim, inadequado, inapropriado?

Pois bem, é minha opinião! Acho que ainda tenho o direito de expô-la. Eu sei que vão dizer – os poucos que lerem essas palavras: “a coisa passou”, “não tem nada a ver”, “que é confusão por nada”... bem posso ser acusado de querer ganhar notoriedade em cima disso, ou que apenas estou agindo como guardião (sabe lá de quê). Mas o post do pr. Augustus Nicodemus foi ruim, simples assim.

Talvez você diga: ele só não se ofendeu, o post dizia “eles não tinham como nos ofender”, mas o argumento de que a CRUZ (ou outro símbolo cristão) não é sagrada, santa, não muda nada na atitude ou na vontade dos manifestantes que como o próprio pastor reconheceu “era mesmo a provocação aos cristãos”. É da intensão que estamos falando. Quando formos proibidos de falar sobre essa temática, em nome do pluralismo social, talvez percebamos quanto era errado ficar calado agora que, pelo menos oficialmente, ainda podemos nos manifestar.

A Parada Gay é em si um golpe a Igreja Cristã que perdeu sua voz profética. Os que antes eram pressionados a se esconder por causa de uma sociedade que sabia (sim, por influência cristã) que tais comportamentos eram destrutivos, agora festejam, pulam e brincam suas imundices, aplaudidos – e protegidos, cada vez mais – dia a dia por um grupo maior e maior de gente que simples não se incomoda, que não se ofende, que simplesmente se acostumou, que gosta e até quer ampliar as ocorrências e, descaradamente, tenta torná-las padrão, agredindo quem de um modo ou outro manifesta contrariedade.

“Fazer o quê?” Ora no mínimo se indignar. No mínimo se declarar ofendido. E esboçar sobre esse caso, de forma direta e inequívoca, o juízo de Deus! Do Soberano não se zomba. O que não se pode é escapar de anunciar a condenação, por um ‘detalhe’ que pouca gente, pouca mesmo, conseguirá captar.

O post do pr. Augustus Nicodemus foi ruim, ambíguo, confuso, basta ver os comentários. O que tem de gente aplaudindo uma suposta tolerância ou agregando a fala um pedido de perdão da igreja violenta... se isentar com a máxima “de que sou responsável pelo que falo, e não pelo que você entende” não fica bem para um homem de Deus da envergadura dele e nem é apropriado para as cãs branca o dr. Augustus possui.

Lamento que objetivando o ensino, ao comentar a não-sacralidade de itens religiosos, a fala tenha sido complacente com as agressões sofridas pela cristandade na Parada Gay (especialmente nesse momento onde milhares de outros cristãos tem morrido apenas por serem cristãos). Não era a hora de dizer aquilo, e certamente o Facebook (a internet) não era o público-alvo de tais palavras. Errou a mão e errou a direção. Mas isso não é o fim do mundo!

E por fim, aos mais de 8 mil que curtiram o não-se-ofender por favor NÃO SE OFENDAM com minhas palavras também, sejam tolerantes comigo que figuro (ao que penso) do mesmo lado da peleja.