sábado, 23 de outubro de 2010

A Política e o Reino

Como é de costume, o presbítero Solano Portela tem escrito excelentes textos, e através do blog O Tempora! O Mores!, juntamente com os também profícuos reverendos Augustus Nicodemus e Mauro Meister (que nomes mais sugestivos, não?!) tem nos brindado com pérolas. No recente texto sobre o termo governo, fui suscitado a comentar sobre o assunto, mas o texto ficou grande e achei por bem postar aqui ao invés de tomar linhas dos comentários (parte esta lá!). Estou, também, numa conversa em outro blog (do Jorge Isah o KALAMOS) onde, fugindo do debate binário do pleito atual, conversamos sobre as idéias de Marx e o envolvimento de cristão nelas. É desses fantásticos blogs e das conversas com esses excelentes escritores (e aqui acrescento o Ricardo Manedes, o André Venâncio e a Norma Braga) que vem esse texto.
Antes de qualquer coisa
          Ao concluir o excelente artigo Afinal, quando começou e para que serve o governo?, o Solano (permita-me a intimidade) enfatizou, especificamente no ponto e, questões chaves e pragmáticas da ação (ou da não-ação) do governo:
Para quê serve o governo? Para muito pouco, mas esse pouco é essencial. Serve para garantir a nossa segurança e para reconhecer os cidadãos de bem (Rm 13.1-7), dando-lhes oportunidades iguais de desenvolverem as suas desigualdades. Não serve para administrar empresas. Não serve como mero provedor de empregos sem critérios de eficiência. Não serve como supridor de assistencialismo perene, que gera dependência e tira a iniciativa. Não serve como base de ganho pessoal ilícito aos governantes. Não serve como instrumento de tirania, moral ou física. Não serve para estabelecer ou legislar o certo e o errado (mas deve SE REGER pelo certo, e não pelo erro). Não serve para tomar o lugar da família e postular como esta deve criar e NÃO disciplinar os filhos. Não serve para alterar parâmetros biológicos e para inventar casamentos entre os incapazes para tal. Não serve para abrigar assassinato de infantes. Não serve para o gigantismo que gera opressão e tirania (mas deve se enquadrar em suas limitações, dando espaço para os cidadãos respirarem livremente). Ou seja, não serve para a maioria das áreas que usurparam o foco e a área de concentração legítima – garantir nossa liberdade!”
         

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

As virtudes cristãs na prática eclesiástica!

        Texto publicado no site da IPB, com o qual concordo em todos os detalhes, sem haver a necessidade de nenhum comentário adicional!

EM TEMPO DE SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES GERAIS NO BRASIL


           A Igreja Presbiteriana do Brasil, em obediência à Sagrada Palavra de Deus, reconhece que Deus é o Soberano Senhor sobre toda a terra e que seu governo abrange todas as dimensões da existência humana. Assim, todo ser humano investido de autoridade está sujeito a Deus, pesando sobre ele o dever de exercer suas funções públicas com equidade e fidelidade.  Os cristãos são conclamados a participar no processo eleitoral e político do mesmo modo como precisam se envolver nas demais áreas da sociedade. À igreja, pois, cabe a tarefa de orientar seus membros para que sejam responsáveis e atuantes em cumprimento aos mandados de Deus.

           Reafirmamos que a Igreja prima pela inviolabilidade da consciência política de seus membros e, portanto, não apóia individual e oficialmente nenhum candidato ou partido político, bem como, nenhum de seus membros tem autorização para falar em seu nome, indicando ou apoiando em nome da Igreja qualquer candidato. Não apresentamos nenhum nome com a intenção de manipular ou induzir as pessoas, impondo-lhes a obrigação de votar nos mesmos.

           A Igreja Presbiteriana do Brasil fala por meio de Concílios e não por indivíduos, mesmo que investidos de autoridade pastoral individualizada. O Supremo Concílio da Igreja reunido em Curitiba, em julho de 2010, não oficializou nenhum apoio a quaisquer candidatos e nem a partidos políticos específicos, somente orientou que a Igreja no seu todo participe de forma crítica levando em conta as propostas apresentas. O direito do voto é intransferível e inegociável e deve expressar a consciência do cristão verdadeiro.

           A Igreja Presbiteriana do Brasil já tem de forma pastoral orientado os seus membros e publicado o seu posicionamento oficial em relação a questões críticas discutidas neste momento de debate político. Rogando as mais ricas bênçãos sobre o povo de Deus nessa hora, e suplicando ao Senhor da Seara que abençoe os membros da Igreja Presbiteriana do Brasil no exercício fiel de sua cidadania, despeço-me.

Do servo,


Rev. Roberto Brasileiro Silva
Presidente do Supremo Concílio Igreja Presbiteriana do Brasil

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Quae Scripturae? Divinitus inspirata est!

1 - Introdução ao Texto
          Para os cristãos, todas as argumentações são – ou deveriam ser – feitas apoiadas em um princípio: Existe um único Deus, Senhor, Criador e Mantenedor de tudo e de todos (At 17;28) que se dá a conhecer, se revelando e revelando a sua vontade (Hb 1;1 a 3). Essa revelação é a Bíblia, e é através dela (Jo 1;1 e 14) que hoje Ele comunica sua boa, perfeita e agradável vontade.

          A Bíblia não é um apanhado folclórico do oriente proximal, nem um amontoado de histórias fantásticas de cunho moralista, ou mesmo apenas um registro histórico de acontecimentos reais. Ela é a Palavra de Deus para o povo de Deus (Lc 8;21). Nela estão todas as respostas, orientações e mandamentos claros para a vida dos filhos de Deus (Mt 4;4). Se Deus é verdadeiro, e a Bíblia é a sua Palavra, nada deve ser mais importante que conhecer profundamente esse texto sagrado (Mc 12;24). Ou seja, a única pretensão de um verdadeiro servo de Deus é conhecer essa Revelação, meditar nela e obedecê-la (Dt 6;6 a 25), isso é verdadeiramente viver a fé, isso é realmente crer!

          Como crer é também pensar, deve ser – e é – possível explicar[1] a fé Bíblica[2], mas para tanto é preciso abordar questões relacionadas ao próprio texto disponível atualmente[3]. Ou seja, antes  de abordar as doutrinas, instruções, exemplos, avisos e recomendações da Bíblia, o foco deve ser a própria Bíblia: sua formação, seu caráter e singularidade, a certeza da preservação, a vida de seus ‘autores’, o contexto sócio-cultural em que foi escrita, os leitores originais e etc. afinal, ela é o pressuposto inegociável: Sola Scripturae.