terça-feira, 3 de agosto de 2010

QUEM SOMOS?

         Dias atrás, lendo a coluna semanal da Lya Luft, apresentada na revista Veja, o assunto tratado me impressionou. Nela a autora falava sobre a sordidez humana, título, inclusive, do texto (revista Veja, 10 de maio de 2009). Com a capacidade que lhe é peculiar, a escritora estranha o desejo pelo errado. Discorrendo entre a beleza e o caos que se encontram no coração humano, dispara: “Que lado nosso é esse, feliz diante da desgraça alheia? Quem é esse em nós, que ri quando o outro cai na calçada?”. Esta esquizofrênica pergunta assola a mente de todos os que são minimamente capazes. Questionar-se sobre quem é esse em nós ou que lado é esse em nós, e por conseqüência, o que somos nós, é algo comum a todos.

         Filósofos, cientistas e pensadores têm, a séculos, discutido tal temática. Os poetas e artistas pintam – cantam ou contam – belos feitos e tem visões exaltadas da humanidade, exaltada para o bem ou mesmo para o mal. Somos o homos economicus para os analistas do dinheiro, um mero número para os tecnocratas, não mais que máquina para os biólogos... “o homem é a medida de todas as coisas”, o centro de tudo, dizem. Mas quem sou eu? Reflexo, sombra ou objeto?

         Inúmeros livros trazem uma ou mesmo várias respostas para essa questão, mas eu gostaria de abordar quatro dimensões do ser humano numa perspectiva bíblica. Algumas pessoas defendem que a Bíblia trata apenas das questões diretamente relacionadas à salvação, ou a religião, afirmando que a mesma nada diz acerca de ética, política, psicologia e até de metafísica – ou pior – para alguns, quando a Bíblia diz algo essencialmente não religioso – se é que isso existe – não deve ser encarada como autoridade, afinal, dizem: “a Bíblia é um livro antigo, preconceituoso e claramente machista”.

         Não vou me prender em defender a Bíblia e passar a argumentar o porquê ela é autoridade, apenas vou dizer que eu creio que a Bíblia é a palavra de Deus para a nossa vida, nossa vida por completo, por tanto conhecer o que a Bíblia diz acerca de nós mesmo é descobrir o que o nosso criador pensa (quer, ordena, e sabe) a nosso respeito, as criaturas, feitura de suas mãos. “Matematicamente” é impossível crer no Deus que a Bíblia conta, sem que seja importante – melhor – imprescindível, ouvi-lo. Assim gostaria que você prestasse atenção à voz do Criador, falando nas Escrituras. Segue, então, quatro visões escriturísticas acerca do ser humano.

1 - Imagem de Deus: Gn 1;26, perfeito, bom e capaz: é assim que a Bíblia começa a descrever quem é o ser humano. A imagem e semelhança do Deus Criador. Dentre todos da Criação, o humano foi coroado com singular capacidade: ser a figura mais próxima da própria divindade. Fomos feitos como uma escultura na qual o artista colocou muito de si mesmo, uma espécie de auto-retrato divino. Olhe para si! Deus é assim, como você e eu, eu ousaria dizer que Ele é mais humano do que nós costumamos pensar. 

2 – Pecadores: Gm 3;6, Rm 1,20 e 3;10, decadente, mal e incapaz: embora tão grandioso seja o ser humano e tão magnífico em seu ideal, nenhum de nós, por mais simplório que seja, pode realmente enxergar na humanidade algo mais que alguns lampejo dessa tão bela “Imago Dei”. Infelizmente somos pecadores! A perfeição em nós foi manchada pela nossa própria presunção de perfeitos, a soberba da vida e a desobediência causada por ela, quebraram a escultura divina, a imagem e semelhança com Deus foi reduzida a fragmentos; olhe as páginas do jornal, assista televisão, leia as colunas das revistas. Se você ainda mantêm a crença na sociedade como a força capaz de nos tirar das trevas e da barbárie, nos levando a avançar para a completa equidade, você não é um humanista... é um cego.

3 – Alvo do amor de Deus: Jo 3;16, Rm 5;11, Rm 8, 26 a 32, perdoados, resgatados, restaurado: Mas Deus prova de seu amor por nós ao mandar seu único filho (JESUS) morrer em nosso favor quando ainda éramos inimigos de Dele. Deus nos criou perfeitos, nos mudamos a perfeição em depravação, mas Deus não nos abandonou, não nos deixou como cegos tateando a procura de uma solução, ele mesmo veio até nós e nos buscou. A Luz brilha em meio as nossas trevas e todos podem ver (Rm 1;18 e Hb 1;1).

4 – Servos obedientes? Rm 12,1 e 2, Fp 2;1 a 10, habilitado, preparado, atuante? O que podia ser feito, foi feito! O que devia ser feito, também, foi feito. Deus não poupou seu próprio filho, como não completará a obra que em nós foi iniciada? Entre tanto parece – e, isso digo com absoluta convicção que assim é – o resgate é passivo, nada podemos fazer para mudar a nossa situação de pecadores para perdoados, isso é tarefa divina. Mas com a mesma intensidade que as Escrituras nós mostram isso, ela também nos mostra que devemos desenvolver a nossa salvação, esmurrando o próprio corpo para acertar o caminho.

         Fazer o bem, viver e procurar viver como imagem e semelhança divina, admitindo, humildemente que somos pecadores, mas de igual modo fomos alcançados (perdoados, sarados, limpos, regenerados, tão somente pelo sacrifício de Jesus), pois somos o alvo do amor de Deus, é a forma, escolhida por Ele para que sejamos, realmente felizes, completos e vivos, até que se manifeste aquilo que seremos eternamente, até que a natureza que sofre nessa presente ordem alterada – pelo pecado – seja refeita, redimida, resgatada; até que eu e você nos encontremos com Cristo, Rei dos reis, Senhor dos Senhores e em sua majestade e glória sejamos todos nós (aquele que lavaram suas vestiduras no sangue do cordeiro) eternamente reunidos. Amém!

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