segunda-feira, 26 de abril de 2010

Que Segurança, Sou de Jesus!

Segurança Eterna, certamente um ótimo tema que envolve a vida cristã. É às vezes comentado em nossas igrejas, e é um assunto que não pode ser negligenciado por nenhum cristão que realmente busque conhecer mais aquele que não é somente o objeto da nossa fé, mas o mantenedor, gerador, e principalmente o ‘caçador’ dessa fé, Deus o caçador dos homens.

Intimamente relacionada à Graça – o dom gratuito de Deus – a segurança eterna é a dádiva superior que consiste no fato de Deus, o próprio Deus, garantir com o empenho da sua pessoa, a vida, a salvação e o auxílio àquele que foi chamado para viver uma vida santa, convocado a sair das trevas para a maravilhosa luz, escolhido e designado para dar frutos, enfim aqueles que são chamados filhos de Deus, os que realmente lavaram sua vestiduras no precioso sangue de Jesus Cristo.

Graça é o favor imerecido, na prática, graça é: Alguém me dar algo que eu não mereço. O perdão dos meus pecados – por exemplo – é algo que eu realmente não merecia, por isso é graça. Nada fiz para que Deus me perdoasse! Mas Deus pelo seu supremo beneplácito me atraiu, me lavou da multidão dos meus pecados, me justificou, regenerou e, mais que simplesmente ter feito tudo isso – se é que tudo o que Deus fez por mim através do sacrifício de Jesus na cruz, pode ser em algum momento chamado de simples – Deus também garante a irrefutabilidade dessa graça.

Nada é capaz de mudar isso, ou seja, simplesmente tudo o que eu conheça, somado a tudo que eu desconheça, acrescido de tudo que eu sonhe, a tudo que me seja pesadelo, a tudo que exista, a tudo o que existiu, e a tudo o que existirá, tudo isso é incapaz de modificar aquilo que Deus fez por mim.

Na cruz, Jesus decretou finalizadas todas as coisas, tudo o que deveria ser feito e que poderia ser feito, foi feito, ali, na cruz. Assim, basicamente, segurança eterna diz respeito ao ‘status quo’ da Graça. É a validade da Graça, seu termo de duração, sua competência a cerca do prazo de funcionamento.

Poderíamos argumentar sobre a Segurança Eterna o seguinte:

A segurança é garantida pela vontade de Deus:


Em Jo. 10,27-29, Jesus afirma que ninguém pode tirar das mãos dele as suas ovelhas. Ele dá a vida, e vida eterna a suas ovelhas e mais ele garante-lhes que não perecerão. Paulo em sua carta as romanos diz no capítulo 8, “...quem nos separará do amor de Cristo?.(...)”, e daí discorre por varias possibilidade das quais nenhum ser humano está livre. Mas com o único propósito de no fim afirmar que nem qualquer coisa, criatura ou poder pode nos tirar da mão de Deus. Nestes dois textos fica claro a impossibilidade de outra força poder retirar a vida eterna que Deus nos deu lá na ‘Cruz’. Não há nenhum decreto que possa invalidar a justiça imputada a nós pelo Cordeiro de Deus.

Se moremos com ele (Jesus) certamente com ele viveremos, essa é a verdade expressa na Bíblia. Jesus quando foi assunto aos céus, nós garantiu que iria preparar-nós lugar. Os anjos ali enviados afirmaram que da mesma maneira que ele subiu, ele também desceria em glória e poder. E obviamente todas as passagens escatológicas servem de base para essa Segurança. Seja Mt 24 ou correlatos nos evangelhos, seja os texto em Apocalipse, aonde Cristo deixa relatado que voltará e buscará todos os remidos, e todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.

E se o Êxodo de Israel do Egito é uma tipologia da nossa salvação, todo aquele que tem o sangue do Cordeiro nos umbrais de seu coração será poupado no dia do juízo. “Vinde benditos do meu pai”. “Felizes os que lavam as suas vestes, e assim têm direito à árvore da vida e podem entrar na cidade pelas portas”.


A segurança é garantida pelo Caráter de Deus

Tudo bem – diríamos – contra a vontade de Deus ninguém pode. Mas Deus continua a nos querer mesmo depois de pecar? A resposta é simples, sim! Deus nos buscou ainda sendo nós pecadores (Rm. 5,8) como ele iria agora desistir. “Se quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com ele mediante a morte de seu Filho, quanto mais agora, tendo sido reconciliados, seremos salvos por sua vida” diz Paulo novamente no Cap 5 de Romanos.

O apostolo Paulo deixa isso bastante claro em todas as suas cartas, mas na carta aos Romanos fica simplesmente escancarado. Deus não é como nós seres humanos, arrastados de um lado para outro por nossos valores e conceitos que mudam ao sabor de uma sociedade corrompida. Em Nm 23,19 isso fica claro na afirmação que ele não se arrepende do que faz ou de suas decisões e que Deus não mente. Deus é Luz e nele não há variação (Tg 1,17).

O caráter de Deus é imutável, sua palavra é a própria verdade. Quando jurou a Abraão dizendo, “tu será pai de uma grande nação” ele jurou por si, pois não havia ninguém superior a ele (Hb 6,13).

É claro, bastante óbvio que é assim que devemos encarar todas as palavras de Deus. As promessas de Deus são e sempre serão cumpridas cabalmente. “Se ele prometeu, ele há de cumprir, se ele falou é certo que fará” – diz assim os versos de um antigo cântico. Ou há um só dos desígnios de Deus que não se cumpre, mesmo na passagem do Êxodo aonde afirma-se que Deus se arrependeu do mal que iria fazer – matar o povo – ele diz a Moises que todo aquele que pecar vai morrer, ou seja, seu intento de punir e retirar do meio do povo aqueles que haviam errado nos episódios dos ‘40 anos no deserto’ é levado a cabo.


A segurança é garantida pelo Sacrifício de Deus

É simplesmente impossível (ou ilógico) que Deus se rebaixaria ao nível dos homens, se humilhando a ponto de depender fisicamente de ser amamentado (enfim ser cuidado, protegido, lavado e alimentado igualzinho a qualquer criança por sua mãe); ter vivido em uma relativa pobreza; se empenhado, já adulto a ensinar sobre o reino dele e por isso ser perseguido, traído e entregue a sofrimento e morte, e essa morte, morte de cruz, Para simplesmente abandonar o homem por quem ele morreu. Deus faz tudo isso e no fim desiste. “Nada, nada e morre na praia?!”

As coisas não são assim com Deus. Que força pode subjugá-lo e que trabalho é árduo demais para Deus. Não podemos nos esquecer que quem propõe quebrar a lei do pecado e da morte, riscar as ordenanças que pesavam contra nós, foi Ele. Seu infinito amor propõe a Graça e seu poder simplesmente a cumpre, como a palavra dEle na criação do Éden: “Haja luz” e simplesmente houve luz. O que Deus faz é perfeito como ele é perfeito e completo como ele é completo.


Concluindo...

Como acreditar que esse Deus que fez tudo isso, deixará incompleta nossa salvação? Ou que não nos protegerá para que não vacilem nossos pés? Como duvidar que se Deus libertou-nos ele também nos livrará, e não só isso, mas também vencerá aquele e/ou aquilo que tentar nos aprisionar novamente. Por fim se entrássemos no campo semântico, no português, mais ainda mais no grego, os termos e idéias correlacionadas à salvação se apresenta em idéias de continuidade, mais que livre, sendo libertos, mais que salvos sendo salvos.


Sem mais...
Graça e Paz

Esli Soares

Teologia da Adoração (parte I)

Apresentarei no marcador “Tese” a minha tese de ordenação, apresentada em 2007 ao dileto presbitério de Taguatinga-DF. É importante salientar que essa tese sofreu muitas alterações e ainda não está acabada – se que um dia vou conseguir acabá-la. Outras explicações darei na medida em que eu julgar necessário. Segue o texto:

“Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”, disse Jesus certa vez. Cabe-se, então, sem prejuízo moral, ético ou espiritual, uma análise, fria e fiel, dessa afirmação e sua pertinência na Igreja do séc.XXI. É dessa possibilidade verdadeira, dessa necessidade real e dessa oportunidade à porta, que surgem estes textos. A pretensão é, na análise das formas, conceitos e motivos da celebração cristã, estabelecer relações entre as experiências da atualidade e a conceituação do pensamento reformado.

Deus criou todas as coisas para o louvor da sua glória (cf. III, item V da Confissão de Fé de Westminster, doravante apenas CFW), adorá-lO, mesmo na presente ordem, após a queda e expulsão do Éden, é, ainda, o maior dever de todos os seres humanos. Portanto, debater esse tema – trazer à luz da razão[1] – torna-se algo mais que apropriado. Deve-se oferecer a Deus, um culto racional (Rm 12;1), afinal tudo que tem vida deve louvar ao Senhor (Sl 150;6) que é digno de receber, a glória, a honra e o poder (Ap 4;11). Se Deus procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade (Jo 4;23), é, não só justificado, como imprescindível, descobrir como ser parte desse grupo de adoradores.

Nos post seguintes, serão apresentados conceitos e valores da teologia reformada. As argumentações serão baseadas, tão somente, no entendimento derivado, abstraído, observado e descrito na Bíblia. Não se fazendo, portanto, apologia a algum conceito, livro ou pensador. O único comprometimento assumido nesses textos é com o “supremo juiz de todas as controvérsias, em matérias religiosas, o Espírito Santo falando na e pela Escritura” (CFW, pág. 11, anotações de John M. Kyle – com alterações).
 
A metodologia utilizada será o discursivo-interpretativo, baseados nos pressupostos confessionais reformados e nos símbolos de fé da Igreja presbiteriana do Brasil[2]. A orientação textual foi extraída do grego[3]. No V.T a Septuaginta (LXX) segundo o padrão da Edição Rahlfs (Sociedade Bíblica Alemã) conjuntamente com os textos revisados da Bíblia Hebraica Stuttgartensia (BHS). Para o N.T. foi utilizado o consagrado NA27[4]. Os textos bíblicos em português, seja os versículos ou apenas as suas reverências, salvo em alguma indicação direta, serão sempre os da NVI (Nova Versão Internacional) que é hoje a melhor tradução existente na língua portuguesa.

As fontes da pesquisa são livros consagrados que versam sobre adoração, louvor, liturgia e culto, e vários artigos de grande circulação nos meios acadêmicos, constando na bibliografia o endereço eletrônico para futuras pesquisas. Uma gama variada de autores foi estabelecida, uns já falecidos – óbvio – visto que o tema já há muito é discutido. Alguns autores nacionais de grande capacidade intelectual e aceitabilidade inquestionável, também foram objetos de pesquisa, provando que o tema é importante, também, para os pensadores tupiniquins. E, claro, alguns teólogos do exterior que tratam desse tema também foram consultados.
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[1 Para justificar a necessidade de trazer a luz da razão, aquilo que é eminentemente da fé, sugiro a leitura de alguns livros, Em busca de uma cosmovisão cristã, ed. Monergismo, Por que sou Cristão? Ed. Cultura Cristã. [2] Isso me isenta da responsabilidade de ser escolástico, mas não me liberta da religião, não sou um livre pensador e nem um teósofo, também não penso em apologia cristã e sim em cumprir o papel a mim conferido, o de presbítero docente.[3] Ler o V.T. pela ótica lingüística do grego, justifica-se pois foram os textos da LXX que os autores do N.T. usaram nas citações e alusões ao V.T. Isso definitivamente valida sua a utilização.[4] Novum Testamentum Graece Nestle-Aland, 4ª Edição.

Avançai, avançai...

“Avançai, avançai, com a Bíblia na mão...” diz um dos mais belos hinos da Igreja Cristã – infelizmente quase totalmente esquecidos, principalmente pela nova geração – a verdade, cantada neste hino, anuncia a política da Igreja: ir a todos os lugares anunciando o evangelho a todas as pessoas. Em Mateus 28;16, encontramos a base para esse cântico, “A Grande Comissão”, um mandamento direto para os discípulos de Jesus (a verdadeira Igreja).

Esse chamado ou mandamento começa com uma prerrogativa de autoridade, Jesus afirma ser senhor dos céus e da terra e, por causa disso, dessa autoridade, ele manda “vão e façam discípulos... ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei ”(NVI). Sempre foi assim na Igreja, a Bíblia era o centro do evangelismo, ensinar a Verdade nas Escrituras era a base do crescimento da Igreja, o avançar era, de fato, com a Bíblia nas mãos, aberta, anunciada, explicada e vivida, afinal, é lá o 'lugar' onde está escrito tudo o que o nosso Senhor Jesus ensinou, ou seja, tudo o que devemos ensinar aos novos discípulos de Cristo.

Novo vento tem soprado. As novas gerações – se bem que já não tão novas – assim como dos hinos, tem se esquecido dessa parte da política de crescimento. A Bíblia, para esses, é secundária, dizem: “primeiro atrairemos, depois pregaremos”. Então uns atraem com músicas modernas e dos mais variados gêneros, com verdadeiros shows, luzes, fumaças e performances, para outros o show é diferente, a ênfase em milagres e curas é o marketing eclesiástico, outros ainda fiam-se na ação social como atividade primária da Igreja. Shows, músicas modernas e variadas, curas e milagres e cuidados aos desfavorecidos ou necessitados, são em si, coisas boas (não neutras). Creio que elas agradam a Deus e servem para o crescimento Reino – se bem que bem mais para o crescimento daqueles que são do Reino. Mas isso somente quando feitas pelos objetivos certos, nos momentos certos e da forma certa (objetivos momentos e formas descritos e dirigidos pela Palavra, cap.21 da CFW).

Mas pregar a Palavra de Deus foi à única ferramenta de crescimento deixada por Ele para sua Igreja. O anúncio das boas novas é A ESTRATÉGIA perfeita para o Reino. Não somos autorizados a alterar esse cronograma. O chamado para assim proceder é até que Cristo venha e todos os povos tenham ouvido do Evangelho (Mt 24;14). A pregação de Cristo Crucificado é uma dádiva dada apenas aos homens, a qual é anelada pelos anjos (1Pe 1;12).

Quando canto “Avançai, Avançai com a Bíblia na mão”, penso em um facão usado para abrir caminho na mata fechada, ou em uma bússola, indispensável na travessia de desertos, o mapa que mostra o caminho certo, a lanterna que ilumina na escuridão, ou ainda a arma e o escudo que protegem dos perigos da jornada, sempre às mãos daqueles que avançam. Será que ainda é assim? Será que temos desbravado através da força da Palavra, ou temos usados outros métodos (Fp 2;13)? Nosso avanço está sendo guiados pela Bíblia (Sl 18;30), ou será que o caminho tem sido traçado por novos lideres e sua estratégia inovadoras (Jr 17;9)? É a Bíblia que consultamos quando nos sentimos perdidos? Ou buscamos a consultores e gestores experientes? Nossos passos têm sido iluminados pela a Luz do Espírito Santo (Sl 119,7)? Em que temos confiado? No dinheiro, no planejamento estratégico? Na propaganda? Na tecnologia?

Não devemos achar que é secundário ser fieis e prudentes na obediência a esse mandamento, antes, façamos tudo para que cumpramos a ordem dada: Avançai, Avançai... COM A BÍBLIA NA MÃO.

Nesse pensamento – melhor – obedecendo a esse mandamento, abro esse blog, com um único interesse: divulgar a Palavra de Deus. Muitos empreendem tal esforço, inclusive na mídia eletrônica. Talvez alguém me pergunte o por quê? A resposta é a mais simples possível! Tenho um computador em casa, tenho internet, gosto de escrever, e parece que tem gente que gosta de ler. Então porque não escrever algo que edifica? Bom é isso: mais um, aos inúmeros (mais insuficientes) blogs de verdadeiros cristãos. E na paz daquele que me chamou para ser pescador de homens (mesmo através da rede eletrônica), sigo.


Sem mais...
Graça e Paz.

Esli Soares